São João do Rio do Peixe: da casa grande da fazenda as ruas de uma cidade
O estabelecer-se numa ribeira foi desejo e busca constante por parte dos colonos que se
embrenharam pelos sertões adentro deste imenso Brasil, de modo que inúmeros embates se
travaram entre colonizadores e indígenas pela posse de terras situadas nessas áreas. Foram os
DÁvila, fidalgos da Casa da Torre da Bahia, os primeiros sertanistas a devassarem o interior da
capitania da Paraíba trazendo para seu domínio as terras do Piancó, Piranhas e Rio do Peixe, pelos
idos de 1664. Entre estes colonizadores desponta-se o sargento-mor Antônio José da Cunha,
residente em Pernambuco, que em 1691 resolvendo embrenhar-se no sertão a procura de terras
suficientes e devolutas para a acomodação de suas mais de 1.500 cabeças de gado vacum e cavalar,
descobriu um riacho chamado do Peixe, habitado da nação chamada Icó-pequeno, que desagua no
rio das Piranhas com o qual gentio ele fizera paz, estabelecendo em seguida a sua fazenda de
criação, com posse legalizada por sesmaria de 1708.
O processo de ocupação da ribeira intensifica-se a partir da primeira metade dos anos
setecentos com o estabelecimento de várias fazendas de criação, muitas das quais pertencentes a
portugueses oriundos da região do Minho. Entre eles podemos citar João Manoel Dantas, do lugar
de Antas da Freguesia de São Pedro de Rubiães, que em 1752 solicitou sesmaria das terras do
Formigueiro e Olho dágua dos Altos. Por este tempo, já estava situado na fazenda São João, João
Dantas Rothéa do mesmo lugar de Antas que havia adquirido a Casa da Torre parte das terras
localizadas na margem esquerda do rio do Peixe, ao nascente das terras de João Manoel Dantas, seu
parente. Diante da expressiva riqueza em propriedades, escravos e gado e sua importante posição
social evidenciada pela ocupação de postos militares e cargos judiciais tenente, capitão, coronel e
juiz ordinário Rothéa era uma espécie de potentado nas terras da ribeira e a sua fazenda
configurava-se como ponto central no entrecruzamento de caminhos da primitiva estrada das
boiadas, principalmente quando nas proximidades da casa grande é estabelecido um oratório
dedicado a Virgem do Rosário pelo padre Ignácio da Cunha Siqueira. A esta primitiva ermida
acorriam muitos sertanejos da ribeira a fim de receberem os sacramentos e participarem dos atos
religiosos celebrados por aquele sacerdote. Ali em 08 de setembro de 1800 foi levado o filho de
Vital de Sousa Rolim e Ana Francisca de Albuquerque, chamado Ignácio que se tornou padre,
mestre e fundador de Cajazeiras.
No limiar dos oitocentos outros portugueses de Antas vieram a se estabelecer em São João,
como o Capitão Mor Domingos João Dantas Rothéa, que deu início a construção de uma capela de
maiores proporções à padroeira do lugar. Os trabalhos de edificação estiveram por alguns anos
paralisados e só vieram a ser retomados depois da ordenação do seu filho, o padre José Gonçalves
Dantas depois que retornou do Seminário de Olinda em 1826. Ao longo dos anos foram surgindo
novas habitações em torno do templo, fazendo com que aquele sacerdote iniciasse a ampliação do
mesmo. Os trabalhos da construção estavam sob a administração de José Amador Evangelista e
Mestre Vitório que transformaram a capela em uma ampla igreja de majestosa arquitetura que foi
elevada à categoria de sede paroquial desligando-se da Freguesia dos Remédios de Sousa por força
da Lei Provincial n° 96 de 28 de novembro de 1863.
Com a elevação da capela a Igreja Matriz, a povoação passou a condição de Distrito de Paz,
sendo posteriormente instalado o tabelionato de paz, a subdelegacia e a escola masculina de
primeiras letras. Aos poucos no entorno da matriz foram se formando as primeiras ruas. A
população almejava a independência política, principalmente a elite do lugar representada pelos
Dantas Rothéa de grande prestígio e influência política. Assim, em virtude da Lei Provincial n° 727
de 08 de outubro de 1881, o distrito de São João do Rio do Peixe foi alçado à condição de vila,
sendo desmembrado de Sousa e festivamente instalado em 26 de fevereiro de 1882.
Por força do Decreto Municipal n° 50 de 26 de maio de 1932, confirmado pelo Decreto
Estadual n° 03 de junho do mesmo ano, a primitiva denominação do município foi alterada para
Antenor Navarro, como homenagem ao Interventor Federal da Paraíba Anthenor Navarro falecido
no dia 26 de abril de 1932 num desastre aéreo no litoral da Bahia. Em 05 de outubro de 1989, por
ocasião da promulgação da nova Constituição do Estado da Paraíba, o município recuperou a sua
primitiva e histórica denominação São João do Rio do Peixe, uma propositura do deputado estadual
Dr. José Aldemir Meireles de Almeida depois de motivado por um plesbicito popular ocorrido na
época que teve expressiva participação dos munícipes.
São João do Rio do Peixe permanece na história como testemunho do tempo. Avistada ao
longe, sua paisagem bucólica parece imutável: o rio, as torres da igreja e do relógio, as casas unidas
numa harmonia perceptível ao visitante. A terra dos Icós, dos Dantas Rothéa, de filhos ilustres, mas
também de povo simples e acolhedor. A imagem de um passado que persiste no presente e assim
permanece como um legado preservado aos que hão de vir.
Wlisses Estrela de Albuquerque Abreu
Prof. Ms. História/PPGH/UFCG
A ocupação da região onde hoje se encontra o município de São João do Rio do Peixe remonta ao século XVII, quando as sesmarias do sertão Pernambucano são divididas. A atual área do município ocupava a região chamada Ribeira do Rio do Peixe. No mesmo século essa região começou a ser explorada quando Luis Quaresma Dourado, da Paraíba, e pela família Davilla, integrante da Casa da Torre, na Bahia.
Como modo de afirmar seu próprio controle e o da coroa portuguesa sobre as sesmarias a família d'Ávila passou a conceder títulos (capitão-mor, sargento-mor entre outros) a quem pudesse ajudar a estabelecer o domínio sobre as terras. No início do Século XVIII chega a região o sargento-mor Antônio José da Cunha, estabelecendo uma grande fazenda e gado e a posse da área no ano de 1708. A época de sua chegada o fazendeiro estabeleceu contato com os indígenas denominados Icós-Pequenos pertencentes nação Cariri , e o último relato sobre esses indígenas é datada de 1740, quando estavam aldeados pelo padre José Matos Serras.
Na segunda metade do século XVIII se estabelece na região a família Dantas, e em 1765 se estabelece na Fazenda São João o capitão-mor João Dantas Rothéa. Junto à fazenda de Dantas foram se estabelecendo varias outras habitações, segundo Pereira (2009) a existência de uma capela na propriedade contribuía para a aproximação dos novos moradores.
Império
Já no século XIX, entre 1855 e 1863, foi construída a nova igreja, que marca um novo ciclo de desenvolvimento em São João do Rio do Peixe, que passa a ser distrito. Em 1881, o distrito é elevado a vila.
República
Outros dois momentos importantes no desenvolvimento de São João do Rio do Peixe são a construção da estrada de ferro e a ciclo do Cangaço. A estrada unia o município ao estado do Ceará, fazendo com que a cidade ganhasse notoriedade no cenário nacional. Já o ciclo do Cangaço impulsionou o crescimento urbano da cidade, dado que, por medo do movimento comandado por Lampião muitas pessoas abandonam as casas no interior e migram para os locais mais povoados.[7]
No período entre 1932 e 1989 o município passou a se chamar Antenor Navarro, que foi interventor do Estado da Paraíba na década de 30. Com a promulgação da nova constituição da Paraíba em 1989 a cidade retomou o antigo nome.
A cidade de São João do Rio do Peixe, localizada no estado da Paraíba, no Brasil, possui uma rica cultura. A região é conhecida por sua tradição na cultura popular, com manifestações como forró, maracatu e ciranda. A culinária típica inclui pratos típicos e carnes, além de bolos e doces regionais.
O município também é rico em história, com sua fundação datada do século XVIII. A cidade abriga importantes monumentos e edifícios históricos, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e a Capela de São Francisco. Além disso, a região é conhecida pela preservação de sua natureza, com a Serra de Pedra Redonda e vários sítios arqueológicos na comunidade de Engenho Novo.
A cidade também é conhecida por sua hospitalidade e acolhimento aos visitantes, com uma forte cultura de recepção e amizade. Em São João do Rio do Peixe, a cultura e a história se unem para criar um ambiente único e acolhedor.
Divisão Política/Formação Administrativa de São João do Rio do Peixe
O distrito foi criado com a denominação de São João do Rio do Peixe, pela Lei
Provincial n.º 96, de 28-11-1863, subordinado ao município de Sousa.
Elevado a categoria de vila com a denominação de São João do Rio do Peixe, pela
Lei Provincial nº 727, de 08-10-1881, desmembrado de Sousa. Sede no distrito de
São João do Rio do Peixe.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído do
distrito sede.
Pelo decreto-lei estadual nº 50, de 26-05-1932, aprovado pelo decreto estadual nº
284, de 03-06-1932, o município de São João do Rio do Peixe passou a
denominar-se Antenor Navarro.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município já denominado
Antenor Navarro é constituído do distrito sede. Em divisões territoriais datadas de
31-XII-1936 e 31-XII-1937, o município aparece constituído de 3 distritos: Antenor
Navarro, Belém e Pilões.
Pelo decreto-lei estadual nº 1164, de 15-11-1943, o distrito de Belém passou a
denominar-se Canaã. No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o
município é constituído de 3 distritos: Antenor Navarro, Canaã ex-Belém e Pilões.
Pelo decreto-lei estadual nº 520, de 31-12-1943, o distrito de Canaã passou a
denominar-se Uiraúna e o distrito de Pilões a denominar-se Brejo das Freiras. No
quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o município é constituído de
3 distritos: Antenor Navarro, Brejo das Freiras ex-Pilões e Uiraúna ex-Canaã.
Pela lei estadual nº 318, de 07-01-1949, é criado o distrito de Poço Dantas ex-
povoado, criado com terras desmembradas do distrito de Uiraúna e anexado ao
município de Antenor Navarro.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o município é constituído de 4 distritos:
Antenor Navarro, Brejo das Freiras, Poço Dantas e Uiraúna.
Pela lei estadual nº 972, de 02-12-1953, desmembra do município de Antenor
Navarro os distritos de Uiraúna e Poço Dantas, para formar o novo município de
Uiraúna.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1955, o município é constituído de 2 distritos:
Antenor Navarro, Brejo das Freiras.
Pela lei municipal nº 143, 19-06-1957, é criado o distrito de Umari e anexado ao
município de Antenor Navarro.
Pela lei municipal nº 144, 24-06-1957, é criado o distrito de Santa Helena ex-
povoado e anexado ao município de Antenor Navarro.
Pela lei municipal nº 145, 24-06-1957, é criado o distrito de Triunfo com terras
desmembrada do extinto distrito de Brejo das Freiras e anexado ao município de
Antenor Navarro.
Pela lei municipal nº 171, 22-12-1959, é criado o distrito de Poço e anexado ao
município de Antenor Navarro.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 5 distritos:
Antenor Navarro, Poço, Santa Helena, Triunfo e Umari.
Pela lei estadual nº 2616, de 12-12-1961, desmembra do município de Antenor
Navarro o distrito de Santa Helena. Elevado à categoria de município.
Pela lei estadual nº 2637, de 20-12-1961, desmembra do município de Antenor
Navarro o distrito de Triunfo. Elevado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1963, o município é constituído de 3
distritos: Antenor Navarro, Poço e Umari. Assim permanecendo em divisão
territorial datada de 31-XII-1968.
Pela lei estadual nº 3962, de 16-01-1978, é criado o distrito de Gravatá e anexado
ao município de Antenor Navarro.
Pela lei estadual nº 3963, de 16-01-1978, é criado o distrito de Bandarra e
anexado ao município de Antenor Navarro.
Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é constituído de 5 distritos:
Antenor Navarro, Bandarra, Gravatá, Poço e Umari.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1983, o município é constituído de 3 distritos:
Antenor Navarro, Poço e Umari. Não figurando os distritos de Bandarra e Gravatá,
pois os mesmos foram criados e não instalados. Assim permanecendo em divisão
territorial datada de 18-VIII-1988.
Pelo ato das disposições constitucionais transitórias, constituição estadual
promulgado em 05-10-1989, o município de Antenor Navarro passou a denominar-
se São João do Rio do Peixe.
Em divisão territorial datada de 17-I-1991, o município já denominado São João do
Rio do Peixe é constituído de 3 distritos: Antenor Navarro, Poço e Umari.
Pela lei estadual nº 5914, de 29-04-1994, desmembra do município de João do Rio
do Peixe o distrito de Poço. Elevado à categoria de município com a denominação
de Poço de José Moura.
Em divisão territorial datada de 2003, o município é constituído de 2 distritos: João
do Rio do Peixe ex-Antenor Navarro e Umari. Assim permanecendo em divisão
territorial datada de 2007.
Alterações toponímicas do município
São João do Rio do Peixe para Antenor Navarro alterado, pelo Decreto Municipal
nº 50, de 26 de maio de 1932, aprovado, pelo Decreto Estadual nº 284, de 03-06-
1932.
Antenor Navarro para João do Rio do Peixe alterado, pelo ato das disposições
transitórias da Constituição Estadual promulgada em 05-10-1989.
Fonte: IBGE
Após milhões de anos de formação e sedimentação do solo, foi percebido em estudos recentes [7] dados mais claros sobre o processo que levou a atual moldura do relevo e tipo de solo onde esta localizado o município. A cidade foi construída sob uma formação chamada Formação Antenor Navarro[8] de Arenitos e Micáceos, o que favoreceu em parte a erosão natural feita pelo Rio do Peixe.
Há cerca de 10.000 anos houve a extinção das Preguiças-gigante e outros animais da Megafauna no continente americano. No município onde hoje esta localizado O Hotel da Estância Termal do Brejo das freiras, foi encontrada em 1944 [9] um fóssil deste gênero e hoje encontra-se em exposição permanente no Museu nacional na cidade do Rio de Janeiro.